EUA têm "provas" de tentativas da China em influenciar eleições de 2024

por RTP
Foto: Mark Schiefelbein - Reuters

No final de uma viagem de três dias à China, o secretário de Estado norte-americano afirmou esta sexta-feira, em entrevista à CNN, que que os Estados Unidos têm "provas de tentativas de influenciar, e possivelmente interferir" nas eleições. "Queremos ter a certeza de que isto será interrompido o mais rapidamente possível", acrescentou Anthony Blinken.

Na entrevista à cadeia televisiva, o chefe da diplomacia norte-americana indicou esta sexta-feira que repetiu ao presidente chinês as palavras de Joe Biden na cimeira de São Francisco, nos Estados Unidos, em novembro de 2023.

Na altura, Xi Jinping garantiu ao presidente norte-americano que não haveria interferência de Pequim nas eleições de 5 de novembro depois de Biden ter indicado que qualquer tentativa neste sentido seria inadmissível.

“O presidente Biden foi muito claro com o presidente Xi e eu repeti isso hoje, nas reuniões em que participei. (…) Qualquer interferência da China na nossa eleição, algo que estamos a seguir atentamente, é totalmente inaceitável para nós”, vincou o secretário de Estado norte-americano.

Questionado diretamente sobre os relatos de interferência através de contas chinesas que imitam apoiantes de Donald Trump, o responsável norte-americano não confirma essas informações, mas reconhece que há “provas” de tentativa de interferência.

“Temos visto, de um modo geral, provas de tentativas de influenciar e possivelmente interferir, e queremos ter a certeza que isto será interrompido o mais rapidamente possível”
, afirmou Anthony Blinken.

Esta foi a segunda viagem do secretário de Estado dos EUA à China em menos de um ano. As duas superpotências mantêm abertas as linhas bilaterais de contacto, ainda que se registem poucos progressos em questões controversas.

Numa reunião com o homólogo norte-americano esta sexta-feira, o ministro chinês dos Negócios Estrangeiros, Wang Yi, advertiu Washington para que não “pise as linhas vermelhas” de Pequim.

O responsável chinês não especificou a que linhas vermelhas se referia, mas há nesta altura várias questões que opõem os dois países, desde a tensão sobre Taiwan e no Mar do Sul da China, a guerra na Ucrânia, ou ainda as relações económicas e exportações de tecnologia avançada.

Em conferência de imprensa, o secretário de Estado norte-americano chamou à atenção para o apoio da China ao esforço de guerra russo na Ucrânia, com o fornecimento de bens de "dupla utilização".

"A China é o principal fornecedor de máquinas-ferramentas, microeletrônica, nitrocelulose, que é fundamental para o fabrico de munições e propulsores de mísseis, e outros itens de dupla utilização que Moscovo está a usar para aumentar sua base industrial de defesa", explicou, sem indicar se os Estados Unidos planeiam a imposição de novas sanções contra Pequim.

Por sua vez, a China garante que não está a fornecer armamento a nenhuma das partes envolvidas no conflito e não é "parte envolvida", mas apenas não interrompe ou restringe o comércio regular com a Rússia.

A nível económico, o presidente chinês também acusou os Estados Unidos de adotarem medidas "infinitas" para reprimir a economia, comércio, ciência e tecnologia da China.

"Esta é uma questão fundamental que deve ser abordada, tal como o primeiro botão de uma camisa que deve ser colocado corretamente, para que a relação entre a China e os EUA se estabilize verdadeiramente, melhore e avance", disse Xi Jinping.

No entanto, a visita de Blinken terminou num momento mais informal e inusitado, com o secretário de Estado norte-americano a visitar uma loja de música de Pequim, onde comprou um álbum de uma estrela da música rock chinesa, Dou Wei, e o álbum "Midnights", da artista norte-americana Taylor Swift. 

A música "é a melhor ligação [entre os povos], independentemente da geografia", frisou o chefe da diplomacia norte-americana, um assumido amante de música. 

Segundo a agência Reuters, Antony Blinken revelou também que o presidente Xi Jinping pretende reforçar o intercâmbio entre os dois países, nomeadamente com o aumento de estudantes norte-americanos na China.

O secretário de Estado norte-americano frisou que há mais de 290 mil estudantes chineses nos Estados Unidos mas apenas 900 estudantes norte-americanos a estudar na China.


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